No, não temos BANANAS / No We don't have bananas

No, não temos BANANAS (por Marcelo Sicoli*)


Recebemos de uma empresa polonesa tarefa supostamente simples: encontrar um exportador de bananas no Brasil. “Yes, nós temos bananas, banana para dar e vender”, dizia a música dos anos 30. Em um país tão grande, com água disponível e clima propício, banana parece algo fácil de comprar. Mas aí começa a grande surpresa. Com os números crescentes de exportação divulgados pelo Governo e a aparente eficiência e maturidade das estruturas de comércio exterior brasileiro, parece ser o caso de apenas acessar um dos sites de promoção comercial do País, como o Brazil4export da CNI (Confederação Nacional da Indústria) ou o “Exportadores Brasileiros” mantido pelo Ministério do Desenvolvimento, fazer algumas ligações e a missão estaria cumprida. Conclusão errada.

Juntamente com o Braziltradenet do Itamaraty, o Brazil4export e o “Exportadores Brasileiros” são considerados os mais importantes diretórios de exportadores brasileiros. No entanto, chama atenção como as informações lá presentes estão desatualizadas e incapazes de gerar resultados concretos. No caso específico das bananas, o site da CNI apresenta 36 empresas cadastradas como exportadoras do produto. Dentre elas, a maior construtora do Brasil, a Odebrecht, que também está cadastrada como exportadora de ovos, minério de ferro, entre outros produtos. Contatando todas as empresas listadas, com exceção da citada, descobre-se que apenas uma das empresas tem capacidade de exportação, contudo não para a Europa. Essa empresa, de Santa Catarina, exporta apenas por via terrestre para o Mercosul. Exportar para o Velho Continente poderia ser possível, mas com custo elevado e demandando muito trabalho e tempo até que se atenda as exigências e detalhes envolvidos em uma exportação marítima de produto tão perecível.
E pasmem: 75% das empresas listadas não trabalham com o produto, seus telefones não funcionam, seus e-mails não existem ou sequer são respondidos. Muito aquém de ser um número aceitável. Descrentes com os resultados obtidos, fizemos contatos adicionais atingindo 60 empresas. Dessas, apenas uma localizada no Rio Grande do Norte tinha o produto disponível, preços competitivos, conhecimento e estrutura para o negócio pretendido.
O site “Exportadores Brasileiros”, acessível em 4 idiomas, tem para a banana e outros produtos, empresas cadastradas sem qualquer informação de contato. Trata-se de um problema básico que precisa ser urgentemente corrigido.
É de suma importância que estes sites passem por uma profunda renovação e mudança de metodologias. Nossos concorrentes no cenário internacional estão ávidos para conquistar cada vez mais mercados. A China e o Brasil ocupavam em 1983, cerca de 1,2% das exportações mundiais cada, de acordo com dados da OMC. Já em 2005, a participação do Brasil continuava nos mesmos 1,2% enquanto que a chinesa saltou para 7,5%, fazendo do gigante asiático o terceiro maior exportador do mundo. Analisando os países projetados como as maiores economias do mundo no ano de 2050, vê-se o Brasil no último lugar no quesito crescimento de exportações. No período de 2001-2005, enquanto avançamos respeitáveis 99,5% nos valores das vendas externas, a Índia cresceu 133,4%, a China 186,3% e a Rússia 139,7%. E os competidores não estão limitados a esses três países.
As exportações brasileiras estão crescendo, mas poderiam crescer a um patamar mais apropriado para o status de 10ª maior economia do planeta. É importante que as associações de exportadores, entidades de classe, empresas e consórcios de exportação reflitam sobre aspectos fundamentais: Nossos clientes estão conseguindo nos encontrar? Quando nos acham, temos profissionais qualificados para prestar informações em um bom Inglês? Caso os contatos se desenvolvam, temos capacidade de produção e qualidade para honrar os compromissos feitos? Temos assessoria adequada para efetivamente embarcar os produtos para o exterior? Realmente esperamos que sim.
*Analista Internacional da EnterBrazil Consultoria (contact@enterbrazil.com)







No, We don’t have BANANAS (by Marcelo Sicoli*)

In 2007, we have received from a Polish company an apparently simple task: Find Brazilian exporters of Bananas. “Yes, we have bananas, bananas to give away and to sell”, said a song in the 30s. In such a big country, with available water and adequate climate, bananas seem to be something easy to find. But that’s where the big surprise beginnings. With the growing exporting numbers released by the Brazilian Government and the supposed efficiency and maturity of the foreign trade structures in Brazil, we may think that it’s only a matter of accessing one of the official websites of commercial promotion of the country, like CNI’s(National Confederation of Industries) Brazil4export or “Brazilian exporters” managed by the Ministry of Foreign Trade, make a few phone calls and mission accomplished. Wrong conclusion.
If one add Braziltradenet, managed by the Ministry of Foreign Affairs, he will have the major directories of Brazilian exporters. However, it calls the attention the number of outdated information, and thus unable to generate concrete results. In the specific case of bananas, CNI’s website has 36 listed companies as bananas exporters. Among them, the largest Brazilian construction company, Odebrecht, who is also presented as an exporter of eggs, iron ore and other products (it doesn’t sell those products of course). Contacting all listed companies, it’s possible to find that only one company is capable of exporting bananas, but not to Europe. This company based in Santa Catarina State, exported only via highways to Mercosur’s countries. Exporting to the “Old Continent” could be possible, but only with elevated costs, and a great deal of time and effort in order to understand and fulfill all requirements and details involved in the shipping of a high perishable item.
To make things worse, believe it or not: 75% of companies listed either doesn’t work with bananas, or their phones and emails don’t exist or are not answered. Well beyond an acceptable figure. One of those websites, available in 4 languages, has companies subscribed as sellers of bananas and other products, without any contact information. This is an extremely basic failure that needs to be urgently corrected. Not believing the obtained results, we have contacted more 60(yes, sixty) companies. To find a single one in Rio Grande do Norte State with available product, competitive prices, knowledge, experience and structure for the deal.
It’s of utmost importance that those websites (and others, important communication tools in the so called globalized world) undergo renovations and changes of methodology. Our competitors in the international scenario are avid to conquer more and more markets. China and Brazil had in 1983, around 1,2% of world’s exports each, according to WTO data. In 2005 however, Brazil’s share was still 1,2% while the Chinese had jumped to 7,5%, making the Asiatic giant the third largest exporter in the globe then. Among the BRICs, Brazil is in the last position in terms of exports growth. For instance, while Brazil has advanced in the period 2001-2005, 99,5% in dollars earned in foreign sales, India grew 133,4%, China 186,3% and Russia 139,7%. And the competitors are not limited to those three.
Brazilian exports are expanding, but still below the level adequate for the 10° biggest economy in the world. It’s important that association of exporters and producers, companies and public entities reflect upon the following fundamental aspects: Our clients are being able to find us? When they find us, do we have qualified personnel to serve them in a good English (or Chinese or Spanish…)? If the negotiations evolve, do we have production capacity and quality to fulfill the commitments made? Do we have the means to effectively ship the goods abroad? I really hope so.

*Executive Manager of EnterBrazil Consultancy (contact@enterbrazil.com)

Comentários

  1. Parabéns. Você tem toda a razão.

    Trabalho na Camara de Comércio Francesa e estou enfrentando o mesmo problema, com as mesmas bananas!

    Abraço!

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