O trabalho de mudar o mundo começa com sua própria casa *
Marcelo Sicoli - Síndico do
Centro Clínico Sudoeste
Em agosto de 2013,
completei um ano à frente do Centro Clínico Sudoeste, maior prédio comercial do
bairro de mesmo nome, em Brasília. Nosso edifício conta com 90 empresas em
operação e gera cerca de 900 empregos diretos. Meu pai (médico-reumatologista
há 30 anos e advogado) e eu fomos os primeiros condôminos em 2004. Há mais de dez
anos, faço consultoria para empresas multinacionais, associações setoriais,
governos estrangeiros e o brasileiro. Mantive sempre em mente o ditado chinês:
“Antes de começar o trabalho de mudar o mundo, dê três voltas dentro de sua
casa”.
Certo dia, triste com o
visível abandono do edifício, abracei o desafio de implementar novas práticas
de gestão e catapultar nosso padrão de qualidade por meio do papel de síndico,
contando sempre com o importante auxílio do conselho consultivo.
Ser síndico demanda conhecimentos tão variados como:
engenharia civil, contabilidade, direito, gestão de pessoas, administração,
design de interiores, etc. Não é ao acaso que o termo em inglês para síndico
seja “super”.
Estes 12 meses na função de
síndico me demandaram muita dedicação, especialmente por ter de fazer o que não
foi feito em anos anteriores. Nos primeiros dias, já nos deparamos com uma expressiva
dívida acumulada. E nas primeiras semanas, tivemos urgência em realizar obras
que lidavam com a estrutura do prédio (telhado e cobertura) e que tinham caráter
essencial para a continuidade de nossas atividades. Juntos, passamos pelo ano
mais difícil da história de nosso condomínio. Conduzimos esta agenda
emergencial, juntamente com a execução de centenas de melhorias visíveis. O
levantamento da lista de e-mails e telefones de todos proprietários/inquilinos colaborou
para uma veloz comunicação e economia de papel. Nosso sistema de câmeras, há
tempos sem manutenção, foi renovado e ampliado (partes externas, pátio central,
cobertura, telhado e garagem). Comandamos expressiva obra com duração de 8
meses para reparar vazamentos nas salas, aliada a troca de telhas em trechos sensíveis.
Buscando receitas extras,
instalamos dois quiosques nas amplas áreas comuns, propiciando também novas
alternativas de lazer e compras. Além disso, realizou-se a conversão de áreas
não utilizadas em 7 vagas de garagem e o aluguel de depósitos e espaços para
publicidade. Com isso, passamos a ter mais de R$5 mil por mês de arrecadação
adicional. Nove telas com publicidade conferiram modernidade e dinamismo ao
edifício. Ademais, pintamos muros pichados e recuperamos diversas paredes e
áreas internas. Também renovamos nosso site e criamos página no Facebook.
Aumentamos com custo
baixíssimo o conforto da copa utilizada pelos funcionários das clínicas e do
condomínio, por meio da compra de uma mesa extra, do uso de cadeiras que já tínhamos
e ficavam guardadas, da compra de mais um microondas, talheres e pratos.
Finalmente, eliminamos as insistentes baratas da copa. Além disso, fizemos
importante reorganização e embelezamento do pátio central e passamos a
posicionar containers de entulho na
parte traseira do prédio, liberando vagas externas, diminuindo a poluição
visual e evitando o trânsito de veículos pesados.
Nossos funcionários
passaram a trabalhar com uniformes com o logotipo do prédio. Foi feita uma importantíssima
e acertada aposta de promover o talentoso “Tião” da faxina em funcionário em
tempo integral. Atualmente ele se dedica a atividades como manutenção elétrica,
hidráulica e pintura. É inimaginável que ficamos tantos anos sem esta figura. Ademais,
criamos um acervo de obras de artes com peças doadas por artistas locais.
Retomamos a reciclagem de latas e papéis, trazendo benefício ambiental e renda
para os funcionários. Efetuamos também a remoção de 17 postes sem
utilidade, conferindo aspecto clean e diminuindo a sobrecarga na rede
elétrica e sua consequente manutenção.
Em suma, houve uma grande
revolução. Cabe ressaltar que conflitos, discussões e desentendimentos fazem
parte da vida de todo condomínio. A instituição normalmente é lembrada principalmente
para canalização de reclamações ou quando algo está errado. Aos poucos,
conseguimos mudar este fator cultural e receber o apoio dos condôminos.
Frisamos que críticas construtivas são bem-vindas, mas que elogiar, identificar
as mudanças positivas e comentá-las torna a vida em condomínio mais saudável
para todos. O principal motivador para o trabalho de síndico: a satisfação
pessoal. Essa satisfação é aumentada pela alegria e agradecimento de nossos
ocupados condôminos, em sua maioria médicos, dentistas e fisioterapeutas.
Otimo trabalho
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