Tratamento de lixo infectante em condomínios*

 Marcelo Sicoli - Síndico do Centro Clínico Sudoeste
 O tratamento de resíduos sólidos ganha cada vez mais importância na sociedade moderna. À medida que os hábitos de consumo mudam mundo a fora, aumenta-se a produção de lixo em geral: embalagens plásticas, metálicas, de papel, madeira, assim como insumos diversos. Consequentemente, os aterros estão cada vez mais sobrecarregados, e novas e modernas técnicas de reciclagem vêm gerar novos empregos e também um consumo mais sustentável dos insumos.
A destinação do lixo, de forma geral, também é tema de grande importância na área de condomínios. Sobretudo aqueles voltados à área de saúde, como o nosso Centro Clínico Sudoeste em Brasília, devem ter cuidados especiais, pois boa parte das empresas que funcionam nestes edifícios, além do lixo convencional, produzem lixo infectante que devem ser regulados e organizados por meio da elaboração de um PGRSS (Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos de Saúde). O PGRSS se baseia em cerca de 23 normas e regulamentos da Anvisa e Conama, além de normas técnicas do Inmetro.
Em nosso caso, das 90 empresas em funcionamento, 65, ou 72% do total, participam do plano. Isto é condição necessária, por exemplo, para renovação de licenças da vigilância sanitária. Normalmente, não participam do plano clínicas de psicologia, escritórios e lojas. Diariamente, o lixo infectante é coletado e armazenado separadamente em bombonas de 25 quilos. Em seguida, uma empresa especializada coleta esse material e posteriormente o incinera.
A conta mensal da coleta e processamento desse lixo é rateada entre os condôminos usuários desse serviço, levando em conta a fração ideal de suas salas. Cogitou-se aplicar uma ideia atualmente utilizada em outros condomínios, que é a de pesar diariamente o lixo, e ratear a conta proporcionalmente às empresas. No entanto, constatou-se que estabelecer este controle geraria custos operacionais que superariam a eventual “justiça” da cobrança,. Há também o caso de clínicas que optaram por ter seu próprio PGRSS, fora do âmbito do condomínio. Entretanto, elas perceberam que os custos são significativamente maiores e voltaram a utilizar o serviço coletivo.
Ainda quanto ao gerenciamento do lixo, em nossos 10 anos de história, várias demandas e problemas foram surgindo na medida em que mais salas passaram a ser ocupadas e mais empresas entraram em funcionamento. Por exemplo, a área para alocação de lixo concebida pelo arquiteto em 2003, atenderia menos de 20% de nossa atual demanda. Assim, tivemos que estabelecer um novo local com maior capacidade de armazenamento. Além disso, para dirimir de maneira definitiva este problema, contratamos um escritório de arquitetura especializado em clínicas e hospitais para elaboração de um novo projeto que utiliza um terreno anexo ao prédio que atualmente não é utilizado. Facilitaremos o trânsito dos caminhões de coleta do lixo comum e  hospitalar, cujo volume atual diário supera 5 containers e passaremos a alocá-lo de forma mais discreta e com muito mais segurança sanitária. Nesta linha, determinei que no último ano, entulhos de construção passassem a ser alocados na parte posterior do edifício, liberando vagas de estacionamento, poluição visual e trânsito de veículos pesados.

Concluindo, pode-se verificar que o gerenciamento do lixo demanda grandes trabalhos, em razão de seu volume crescente e de seu tratamento especializado, em conformidade com o estabelecido pelos órgãos de regulação e controle, bem como demandas específicas de cada condomínio.



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