Curso de RELAÇÔES INTERNACIONAIS, uma visão em constante atualização.
Curso de RELAÇÔES
INTERNACIONAIS, uma visão em constante atualização.
Seguindo
solicitação de muitas pessoas, escrevi este pequeno artigo em 2002, fazendo
várias revisões ao longo dos anos. A última em julho de 2014. Ele fala um pouco sobre o curso de Relações
Internacionais. “REL” aqui em Brasília, mas chamado de “R.I” Brasil afora. Graduei-me
em 2000 na UnB(Universidade de Brasília) e desde então faço consultoria para
empresas estrangeiras, empresas brasileiras, governo brasileiro e diversos
governos estrangeiros(www.enterbrazil.com).
Um grande problema do curso é
que não existe uma unificação curricular nacional, logo o conteúdo dado na UnB,
pode variar bastante do ministrado em outras universidades.
Alguns cursos tendem mais para
o comércio exterior ou negócios internacionais e outros para a área diplomática.
Lembro que para se fazer o concurso do Instituto Rio Branco para se tornar
diplomata, pode-se ter qualquer curso superior (engenharia, medicina, direito
etc), mas a graduação em R.I lhe dará uma boa base.
O curso da UnB em particular,
é criticado e elogiado ao mesmo tempo pela sua multidisciplinaridade. Vemos
matérias de Direito, Relações Internacionais, Ciência Política, Economia,
Sociologia, Administração, Comércio Internacional, História e outras,
dependendo do direcionamento que você quer dar ao seu curso. Já que 1/3 das
matérias são optativas, você pode direcioná-lo para sua área de maior
interesse.
Algumas críticas surgem, pois
sabemos pouco de muito, e elogiado pela formação generalista, podendo abordar
um problema por diversas óticas. Este é um perfil interessante para algumas
empresas e altamente desinteressante para outras, que preferem contratar um profissional
com formação especifica, um bacharel em Direito ou Administração, um analista
de comércio exterior(que conhece a burocracia envolvida numa exportação/importação)
ou um economista.
Site interessante para coletar
informações sobre o curso e sobre Relações Internacionais de forma geral
é o RELNET(www.relnet.com.br) . Também o
site do departamento de Relações Internacionais da UnB(http://irel.unb.br ) que tem uma seção de perguntas
frequentes sobre a carreira e sobre o curso, voltada para estudantes que estão
em dúvida. Você também pode visitar a página de outras faculdades que oferecem
o curso e ter outros pontos de vista.
Em 2011, falava-se sobre uma reforma
curricular no curso da UnB, mas ninguém sabia explicar muito bem . Para o
internacionalista, ingressar no mercado de trabalho, pode não ser muito fácil.
Ainda mais agora com a proliferação de cursos por todo o Brasil, em diversas
faculdades . Entretanto, dependendo do direcionamento que você der, pode haver
oportunidades interessantes sim.
Muitos que se formaram em R.I
comigo fizeram concursos públicos, que não necessariamente requerem os
conhecimentos adquiridos durante a graduação. Os salários do setor público são
bastante atraentes no geral. Muitas vezes,
o pré-requisito para fazê-los é ter um curso superior completo qualquer,
e às vezes você vai trabalhar com algo diferente do que planejou. Como estar
traçando políticas públicas, atividades de auditoria ou gerenciando projetos
para estados e municípios em questões puramente internas e sem uma vertente internacional.
Para a maioria dos concursos públicos, se parte praticamente do zero, já
que tem que se estudar direito administrativo, constitucional, português, as
vezes contabilidade, raciocínio lógico e matérias específicas daquele certame. Fazer
concursos públicos é uma cultura bem forte aqui em Brasília como devem saber.
Alguns egressos dão a sorte e têm a
competência de passar nos diversos e concorridíssimos processos seletivos
para trainee de grandes empresas
brasileiras ou estrangeiras. Há diversos sites que divulgam estas
oportunidades. O segredo é no último ano
de graduação e nos dois primeiros anos de formado sair se escrevendo em todos e
participar do máximo de processos seletivos possíveis. Porém, a maioria
dos processos são feitos apenas em São Paulo e deve-se estar disposto a mudar de cidade
e em alguns casos morar em pequenas cidades no interior do país no inicio de
carreira.
Resumindo há oportunidades de
trabalho no setor privado, setor público brasileiro, embaixadas estrangeiras, meio
acadêmico e organismos internacionais.
A cada vestibular a concorrência
para o curso tem aumentado, apesar de todas as dificuldades mencionadas por mim
anteriormente. Acredito que existem outros cursos um pouco mais fáceis de ingressar,
que podem oferecer uma boa satisfação profissional no futuro, como a Economia,
por exemplo, ou para quem tiver o perfil : Contabilidade. Em 2006(em uma das
revisões do texto), via a contabilidade
como um bom curso, pois permite tanto trabalhar numa grande empresa, ser
empreendedor em seu pequeno escritório, ou pegar uma boa base para fazer
diversos concursos com altos salários. Prepare-se para estudar muito
matemática.
Sobre a parte relativa ao inglês,
desde o primeiro semestre há uma carga muito grande de leitura, sendo muita
coisa naquela língua. É claro que se aprende bastante durante o curso, à medida
que somos incentivados , ou obrigados a ler textos em inglês ou participar de
eventos ou palestras que este é o idioma oficial. Para se graduar, todos alunos têm que fazer
uma prova de proficiência na língua, que pode ser feita nos últimos semestres
do curso. Logo, se a pessoa não consegue ler textos em inglês, vai ter
dificuldades durante o curso. Na UnB, existe a necessidade de se cursar
dois semestres de outra língua, como espanhol, alemão ou francês. Em 1997,
quando entrei na universidade, um
professor visionário falava da importância de estudar chinês. Pode-se fazer
exames de conhecimento e ganhar os créditos acadêmicos sem necessidade de cursar
as disciplinas. Diferente do que pode-se imaginar, é possível se
graduar tranquilamente sem saber uma palavra de francês.
Chama atenção de alguns
alunos do curso o Centro de Simulações de Organizações Internacionais (CSOI)
que é uma entidade não-lucrativa que visa fomentar a prática da negociação
internacional através dos chamados modelos das Nações Unidas (MUNs) e de outras
organizações internacionais. Estes eventos são uma curta conferência simulada,
normalmente de 4 dias de duração, onde estudantes de diversas universidades
reproduzem os procedimentos de negociação tomados no âmbito das mais
importantes organizações internacionais. Cada universidade representa um país.
Os estudantes são assim chamados “delegados”, e são alocados em diferentes
comitês como o Conselho de Segurança, Comitê sobre refugiados, saúde, ou jurídico
da Assembleia Geral da ONU.
Várias
universidades, como Harvard, Yale, Georgetown e UnB, mantém seus modelos
anuais, atraindo estudantes de diversas regiões do planeta. A principal tarefa
do CSOI é preparar e dar apoio logístico às delegações da UnB frente a estes
desafios internacionais. O Clube foi fundado em 1997 e o primeiro modelo de que
participou foi o Modelo de la
Organización de los Estados Americanos em Buenos Aires, representando a
Guiana e recebendo menção honrosa para os delegados do Comitê Jurídico e
Político. Em 1998, com apenas 18 anos, tive uma experiência de vida marcante: Representando o Brasil junto com mais 11 colegas brasileiros da
UnB, recebemos o prêmio de melhor
delegação, conferido pela Universidade de Harvard. Evento realizado em
Bruxelas-Bélgica - Harvard World Model United Nations . Ou seja, fomos campeões
mundiais!!!!
Uma alternativa bastante
interessante para aqueles que tem interesse pela área internacional, mas não
necessariamente querem fazer uma graduação inteira, é optar por outro curso
superior na área de humanas na graduação, e fazer um dos diversos bons cursos
de pós-graduação na área de R.I, ou comércio exterior que duram entre um e dois
anos, seja um mestrado, um MBA ou cursos de mais curta duração.
No youtube (https://www.youtube.com/watch?v=y4pr0ksmZpU)
, você poderá assistir um curto vídeo produzido para o programa Globo
Universidade em agosto de 2010, onde eu sou o profissional escolhido para
representar a categoria dos internacionalistas.
Espero ter esclarecido um
pouco de suas dúvidas. Fico a disposição.
Marcelo Sicoli (contact@enterbrazil.com)
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